quinta-feira, janeiro 25, 2007

Parte 5 - Tal Mãe, Tal Filha?


-Pai, tia Frida já chegou? Eu queria que ela me ajudasse com o vestido que ela me deu de presente. Aquele corpete é meio complicado de vestir.- gritou Meridiana, descendo da escada aos pulos. Antes que a menina continuasse a falar, notou que o pai estava sentado na sala de estar, acompanhado por uma mulher que positivamente não era sua tia Frida.

Era uma negra muito bonita, com longos cabelos trançados até à cintura ao estilo rastafari.

-Er...Oi... - disse a ruivinha um pouco encabulada.

Nick e a mulher se levantaram ao perceberem a chegada de Meri.

-Filha, esta aqui é Marion Peterson... - anunciou o escritor.

-A melhor amiga da mamãe nos tempos de escola? - a menina perguntou, os olhos verdes muito arregalados de surpresa e curiosidade.

-Bem, acho que posso aceitar esse título - Marion sorriu, estendendo a mão para a menina - mas hoje eu atendo pelo nome de Marion Hernandez.

Meridiana apertou a mão de Marion, perguntando:

-Você está brincando comigo, não? Você é A Marion Hernandez? A estilista bruxa casada com Terrance Hernandez, o vocalista da banda bruxa Dervixes Giratórios?

A negra riu com gosto.

- Não sabia que ia encontrar uma fã aqui, Nick...A dúvida é se Meridiana é minha fã ou fã do Terry.

A garota corou até às orelhas.

-Na verdade um pouco dos dois...

-Mas tenho certeza que mais do Terrance. - Marion, piscou - Eu não me importo, já estou acostumada.

-Vou deixar vocês duas sossegadas - falou Nick - Preciso terminar a nossa ceia.

-Você, cozinhando? - falou Marion em um misto de divertimento e espanto - Será que eu preciso ficar com medo?

-Engraçadinha. - respondeu o escritor. - Certas coisas mudam, sabia? Tem anos que eu não incendeio a cozinha.

Meridiana não conteve o riso. Nunca conseguiria imaginar o pai como um cozinheiro desastrado. Desde que se entendia por gente, ele era um verdadeira às na cozinha.

Assim que Nicholas deixou a sala, Meridiana sentou-se defronte Marion. Não se sentia ainda confortável com aquilo. A situação era um pouco estranha.

-Hum...Então, o que te traz aqui na Inglaterra? - começou a menina, para tentar quebrar o gelo.

-Vim participar de um desfile beneficente para as vítimas da Guerra, depois de amanhã, em Paris, e aproveitei para matar saudades de velha terrinha. Infelizmente nem meu marido, nem minha filha puderam vir.

-Você tem uma filha?

-Ah, sim, tenho sim - respondei a negra, tirando da bolsa um pequeno álbum de fotografias - Aqui - falou, mostrando a fotografia de uma garotinha de aproximadamente uns 10 anos de idade, que acenava sorridente. - O nome dela é Elizabeth.

Meri desviou os olhos da fotografia, observando atentamente a amiga da mãe.

-Como ela é? - perguntou a ruivinha.

-A garotinha mais fofa do mundo, com uma imaginação imensa.- respondeu Marion, ainda olhando fixamente para a foto, sorrindo - Mas eu sou mãe coruja, portanto, a minha opinião é meio tendenciosa..

-E...e...como ela era? - perguntou Meri, um pouco hesitante.

Marion levantou o rosto, encarando as ansiosas orbes esmeraldinas de Meridiana.

-Sua mãe?

A menina assentiu.

-A pessoa mais teimosa e cabeça-dura que já conheci na minha vida. E também com o maior coração de ouro que já vi. Sua mãe era um pessoa especial, Meridiana. Era mais do que minha amiga. Era a minha irmã. A gente aprontava horrores em Hogwarts, você precisava ver.

-Mamãe, aprontando? Isso é novidade para mim. - disse a ruivinha risonha.

-Bem, na verdade quem aprontava todas era eu. Betsy era muito séria, séria demais, ás vezes. Sua mãe apenas cobria a minha retaguarda. Coitada da minha amiga, eu era terrível!!! Hum...espera aí....

Marion voltou sua atenção novamente para o interior da bolsa que trouxera consigo, retirando de lá mais um álbum de fotografias.

-Tenho uma coisa para te mostrar. - disse a negra, entregando o álbum para a ruivinha. - São algumas fotos da época da escola.

A menina não se fez de rogada, pegando as fotos que lhe eram estendidas. Folheando as páginas viu diversas imagens da Elizabeth e Marion, desde bem pequenas, aos 11 anos, quando entraram para a Hogwarts, até seus 17 anos, prestes a se formarem. Era como se toda a vida da mãe durante os 7 anos que vivera no castelo estivessem agora nas suas mãos. A menina se segurou para não chorar. A última das fotos mostrava um grupo de estudantes, todos em trajes de gala, acenando animadamente para o fotografo. Embaixo, em letras douradas estava escrito: "Formandos - Grifinória"
Meridiana aproximou o álbum dos olhos, observando atentamente cada detalhe da fotografia.Todos aqueles jovens pareciam tão felizes, com um futuro brilhante diante deles. A mãe, em um vestido vermelho, abraçava, sorridente, uma negra de cabelos curtinhos, metida em um lindo vestido lilás.

-O que aconteceu com eles? - perguntou Meri, quase em reflexo.

Marion olhou tristemente para a foto. Aquilo lhe trazia dolorosas lembranças. Estar ali, com a filha de Betsy, tão parecida e ao mesmo tempo tão diferente da amiga que perdera, tudo aquilo era difícil para ela.

-A maioria morreu - começou a negra, quase em um sussurro. - Os mais famosos, Lily e James Potter, você certamente já sabe a história. Susan Timms e Betsy morreram ainda durante a primeira guerra. Emelina Vance foi assassinada em julho passado. Frank e Alice Longbotton foram torturados por comensais, e, ao que me consta, estão no St. Mungus. E Sirius... Bem, ele morreu em junho passado, se não me engano. Parece que saiu uma pequena nota no Profeta Diário comunicando o ocorrido e desmentindo o envolvimento dele com Você-sabe-quem...

A negra balançou a cabeça melancolicamente.

-Eu sempre soube que ele era inocente. Nunca consegui acreditar que ele fosse capaz de trair os Potter como fora acusado de fazer. Não o cachorrão... Bem, entre mortos e feridos, sobramos eu, Remus Lupin e Selene Trimble. Ela também fugiu para a América como eu. Mas - disse a negra enxugando discretamente o canto dos olhos- hoje é noite de Natal, vamos falar de coisas alegres!

-È melhor mesmo... - concordou Meri, um pouco impressionada com o tom trágico daquela história.

A ruivinha fechou o álbum, colocando-o na mesinha de centro da sala. Um silêncio estranho, quase sepulcral, se apossou das duas, até que Marion decidiu quebrar novamente o gelo.

-Hum...Se você quiser, Meridiana, posso te ajudar com o vestido...Não sei se você já ouviu falar, mas, eu trabalho com roupas. - a negra piscou.

Meridiana riu, mais relaxada.

-Eu adoraria uma ajuda sua. É bom que você também aproveita e vai me contando sobre as coisas que você e mamãe aprontaram na escola... Fiquei realmente curiosa...

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